Estudantes da UFMT, Campus de Rondonópolis, estão em greve geral desde o dia 13 de novembro

Estudantes da UFMT - Campus de Rondonópolis - liderados pelo DCE, deflagraram greve geral no dia 12 de novembro após deliberação em plenária que contou com a participação de mais de 800 alunos. Entre várias reinvindicações, os estudantes destacam como fundamentais: a autonomia do Campus Universitário de Rondonópolis, com a criação da UFR - Universidade Federal de Rondonópolis, e o apoio ao REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais.


O presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Daniel Dalberto, conversou com o EstudanteNet e explicou que a principal reivindicação diz respeito à independência do campus, que conta hoje com 1500 alunos e fica subordinado à direção central da instituição na capital Cuiabá.

Daniel diz que a greve foi fruto de uma série de insatisfações com os muitos problemas estruturais que afetam os estudantes, da falta de laboratórios de pesquisa à ausência de bebedouros. Ele conta que o movimento luta por essa emancipação para que o campus tenha o seu próprio reitor e dessa forma passe a contar com recursos diretos que possam subsidiar as reformas estruturais necessárias para melhorar a qualidade do ensino na instituição.

ReuniUm ponto da pauta de reivindicação trata do apoio dos estudantes da UFMT à resolução da UNE sobre o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, o Reuni. O movimento cobra da universidade um "debate mais real" e diz que "a não apresentação de um projeto viável para o campus prejudica o processo de independência".

Apesar de reconhecer os avanços contidos no Reuni, a resolução da UNE vai além e exige políticas de estado que passem pela derrubada dos vetos ao Plano Nacional de Educação, garantindo 7% PIB na educação e o fim da DRU (Desvinculação das Receitas da União) –que retém grande quantidade de verbas para pagamento de dívidas– ampliando os recursos para a educação.

Para a presidente da UNE, Lúcia Stumpf, a expansão de vagas no ensino superior público é positiva porque vai ao encontro de algumas bandeiras historicamente defendidas pela entidade. Ela cita as vagas noturnas e a reestruturação curricular, medidas que vão permitir maior mobilidade e facilidade para o estudante concluir o seu curso, evitando que ele procure a alternativa do ensino privado.

Greve continua

Representantes da Pró-reitoria de Administração e da Pró-reitoria de Vivência Acadêmica Social já se reuniram com o comando de greve dos estudantes logo no primeiro dia do movimento para dar início ao processo de negociação. Daniel diz que a greve só acabará quando o movimento conquistar garantias de que a reitoria vai trabalhar por um projeto de expansão que tenha foco a independência.

"Nosso objetivo com a greve é chamar a atenção da população de Rondonópolis para a importância do fortalecimento da região sul do Mato Grosso com a criação de um campus independente. Nossa região está em um eixo estratégico, mas a cada ano fica para trás se comparado a outras regiões como Barra do Garça [que vai passar de 450 vagas este ano para 1.050 no próximo vestibular]", critica.

Abaixo, leia a íntegra do documento divulgado pelo movimento estudantil da UFMT

Resolução Política – greve dos estudantes da UFMT

A Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Rondonópolis, passa por uma situação contraditória. Hoje estamos inseridos num processo de expansão do Campus. Entendemos que a expansão de vagas e cursos é uma conquista histórica do movimento estudantil. Muitos estudantes foram incluídos no ensino superior democratizando o acesso a educação.

A expansão favorece o fortalecimento dessa unidade de ensino, no sentido de garantir a "Independência do Campus". Ao mesmo tempo existem muitos problemas estruturais que afetam diretamente os estudantes e a direção do campus não consegue dar respostas e não demonstra competência no gerenciamento dos nossos problemas.

A falta de bebedouros, recursos para atividades acadêmicas (pesquisa, extensão, aula de campo e etc) e ônibus geram uma queda na qualidade de ensino. O grande problema é que essa serie de demandas não são respondidas pelos dirigentes do nosso Campus.

No sentido de resolução de problemas as Universidades Federais de todo o país implementam o REUNI, programa de reestruturação do ensino superior, que visa a fortalecer e ampliar o acesso a universidade com o aumento de 20% de verbas para a instituição.

O Campus não apresenta hoje um projeto que vise a resolução dos problemas estruturais e a expansão do ensino. Por isso vimos aqui dar apoio a resolução da União Nacional dos Estudantes sobre o REUNI, cobrando da universidade o debate real sobre este projeto. Entendemos que a não apresentação de um projeto viável para o Campus, prejudica o processo de Independência.

Hoje estamos sendo passados por outras unidades da UFMT, como por exemplo Barra do Garças, onde vai passar de 400 vagas este ano para 1050 no próximo vestibular, fruto de um projeto elaborado no próprio instituto e que pode se tornar em pouco tempo maior do que Rondonópolis. Não podemos perder a oportunidade histórica e por isso acreditamos ser importante a mudança de rumos na Gestão do Campus de Rondonópolis que elabore um projeto de Universidade e de respostas efetivas a resolução de nossos problemas.

Movimento Estudantil da UFMT - Campus Rondonópolis
Fonte: Estudantenet, com interstícios do mato grosso café.

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