Ernesto Che Guevara – presente!!

No intuito de prestar uma singela homenagem ao camarada Ernesto Che Guevara, por ocasião do aniversário de seu assassinato ocorrido na Bolívia, em oito de outubro de 1967, há exatos 40 anos, portando, encaminhei um pequeno artigo para o Jornal A Tribuna, o qual foi publidado em 12 de outubro de 2007. Segue abaixo o artigo na íntegra:


Em oito de outubro de 1967, há exatos 40 anos, Che Guevara era assassinado por agentes da CIA na Bolívia, país em que lutava para fazer florescer entre os camponeses a revolução socialista. Sua morte prematura, aos 39 anos e o enterro de seu corpo em um túmulo clandestino não foram fatores suficientes para apagar seu exemplo, sua coragem e seu idealismo revolucionário. Ao contrário, esse assassinato covarde patrocinado pelo imperialismo americano potencializou a difusão de suas idéias pelo mundo como um contra-ponto à voracidade e a ideologia neoliberal do capitalismo global.

Em verdade, o camarada Che ainda simboliza, como poucos, a resistência ao pensamento único do período atual. Assim, ante a um processo de globalização perverso, sua imagem - adotada como símbolo por inúmeros partidos políticos, movimentos sociais, estudantis, Ongs, etc., em todas as partes do planeta - segue como um exemplo na busca de um outro mundo possível. Todavia, mais importante que sua imagem, imortalizada em camisetas, cartazes, bandeiras e bótons, são suas idéias. Como bem disse Fidel Castro “Não basta trazer o Che na camiseta, é preciso saber quem ele foi conhecer sua vida e sua obra, suas ações, segui-lo como exemplo”.

Neste sentido, não estamos nos referindo aqui ao “ícone Che Guevara”, mas sim ao Che revolucionário. Um homem engajado na luta teórica e prática, um marxista “visionário” que anteviu a necessidade histórica dos povos dos países pobres de se libertarem dos opressores através da resistência organizada em nível mundial.

Assim, o internacionalismo revolucionário pregado e praticado por Che Guevara pode ser interpretado como um germe da futura resistência ao processo de expansão do capitalismo globalizado. Resistência atualmente consubstanciada pelos movimentos antiglobalização em todas as partes do mundo.

Ernesto Che Guevara continua presente entre nós. Seu pensamento e seus ideais, suas lutas pela emancipação dos povos permanecem atuais, uma vez que “as mesmas condições de opressão, de injustiça e de exploração continuam existindo nos dias de hoje”, nos explica Emir Sader. Devemos acrescentar que diferentemente do período subseqüente ao pós-guerra, o período atual se mostra mais complexo, pois a ideologia hegemônica subjacente à globalização transformou o neoliberalismo no destino inexorável da humanidade. Assim, a luta de idéias visando explicitar a viabilidade de projetos alternativos para o futuro da humanidade se tornou, mais do que nunca, uma tarefa revolucionária.

Assim, paradoxalmente, o processo de globalização termina por criar as condições objetivas para a multiplicação de lideranças com legitimidade para representar e dar continuidade às idéias e lutas de Che Guevara. São os casos de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Corrêa, na América do Sul, por exemplo.

Personalidade política mais carismática e popular do século XX, herói do povo cubano e exemplo de idealismo combativo contra a exploração, as injustiças sociais, e a alienação, Ernesto Che Guevara, esse “semeador de consciências”, continua presente nos corações e mentes de todos aqueles que lutam por um outro mundo possível. Segundo suas próprias palavras: “Deixe-me dizer, com o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é feito de grandes sentimentos de amor”.

Sergio S. Negri é professor do Departamento de Geografia-ICHS/CUR/UFMT. Mestre em Geografia pela UFU e Doutorando em Geografia pela UNESP – Rio Claro– SP.

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